Busca por tratamento de câncer cresce na região de Campinas, e fila de espera chega a 567 pacientes
04/02/2025
Superintendente do Hospital de Clínicas aponta motivos para aumento nos diagnósticos da doença; entenda.
Hospital das clínicas de Campinas registra aumento de 26% em atendimentos oncológico
O número de atendimentos para tratamento de câncer aumentou 26% entre 2023 e 2024 no Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp, em Campinas (SP). O total de atendimentos passou de 27.170 em 2023 para 34.235 no ano passado. A região possui, atualmente, 567 pacientes já diagnosticados com câncer esperando para começar tratamento.
Segundo a superintendente do HC, Elaine Cristina de Ataide, a fila cresceu especialmente desde outubro do ano passado, sendo que 306 pessoas foram incluídas em um mês.
A fila de espera é do Departamento Regional de Saúde (DRS-7) que abrange 42 cidades. Ela é monitorada e, segundo a superintendente, quando cresce muito, o hospital realiza mutirões em parceria ao DRS-7 para levar o paciente o mais rápido para o tratamento.
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O aumento nos tratamentos e na fila tem relação com o crescimento de diagnósticos. O índice aumentou 48,5% em um ano, passando de 1.320 novos pacientes em 2023 para 1.960 em 2024. Para a superintendente do HC da Unicamp, o aumento reflete um sistema de saúde sobrecarregado.
"Nossa principal realidade é que precisamos aumentar o número de leitos", fala a superintendente.
Tratamento câncer
Reprodução EPTV
Quais os motivos para o aumento?
A superintendente explica que o aumento pode ser interpretado principalmente a partir de dois fatores: uma demanda represada, que é reflexo do pós-pandemia de Covid 19, e o crescimento na busca por diagnósticos.
No caso do HC, que é um hospital de alta complexidade, o aumento acontece nos casos mais graves e avançados da doença.
Quais os tipos mais comuns da doença?
A superintendente diz que não apenas no HC, mas em todo o Brasil os casos que mais aparecem são na cabeça e pescoço, urologia e pulmão e todos podem ser melhorados através da prevenção. Dois tipos de câncer mais comuns atendidos no HC:
Aparelho digestivo: 305 pacientes
Cabeça e pescoço: 255 pacientes
Importância da prevenção
Assim, a Ataide ressalta que descobrir cedo e começar a tratar quanto antes é essencial para quem convive com o câncer. No entanto, infelizmente nem todos os pacientes conseguem começar o tratamento ou passar por cirurgia com a agilidade necessária.
Além disso, fala que a prevenção é o mais importante, com a população criando hábitos melhores de saúde como não beber, não fumar e fazer a procura pela unidade básica para prevenção como câncer de próstata e cólon.
“Sabendo em fase inicial, a cura é quase certa”, finaliza.
'Eu pedia para morrer. Era muita dor, muita'
O pedreiro José Marcelo é de Amparo (SP), foi diagnosticado com câncer de reto e faz tratamento em na Unicamp. Ele conta que foi uma longa espera entre o diagnóstico e a cirurgia, e atualmente faz tratamento de quimioterapia.
Ao longo do processo, Monica, esposa de José, precisou parar de trabalhar para cuidar do marido e atualmente eles dependem de ajudas e doações.
“Tem uma hora que você já imagina que não é coisa boa, porque não é coisa que sara. Sangue, frente e trás. Eu pedia para morrer. Era muita dor, muita”, fala José.
O pedreiro conta que teve dificuldades para conseguir todos os exames na cidade onde mora e até conseguir ter um diagnóstico demorou de três a quatro meses.
“Para a gente foi terrível, todo mundo sabe que essa doença, quando ela vem, ela vem para matar mesmo [...] quanto mais espera, a doença vai se alastrando cada vez mais. E eles tiraram sete partes do corpo dele, porque o tumor dele já estava bem avançado”, conta a esposa.
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